pipico: nossa muda

encontros preciosos não são necessariamente

os que nos trazem jardins já floridos

são, um bocado de vezes

aqueles que nos ofertam mudas

eco

que Deus ouça minhas preces
quando estou mansidão e ternura
quando estou contemplação e respeito
quando as palavras fluem
sem esforço algum
sem ensaio algum
articuladas e belas
do lugar em mim onde eu e Ele
nos encontramos e brincamos de roda
quando nelas incluo as pessoas que têm nome
aquelas que desconheço
os meus amores
os bichos
as plantas
os mares
as estrelas
que Deus ouça minhas preces
quando o medo me acompanha
sem que a coragem se ausente
quando as lágrimas nascem
apenas de um alegre e comovido sentimento de gratidão
quando o medo me paralisa
me perturba e me encolho
feito um bicho acuado
quando me enredo nas minhas emoções
que parece que aquele tempo não vai mais passar
que Ele me ouça
com o seu ouvido amoroso
me acolha no seu coração
nesses momentos
ouço Seu eco em mim

naqueles jardins

para ser verdadeira comigo

preciso ter o desprendimento

para abençoar as tentativas sem êxito

agradecer pelo o que cada uma ensinou

e seguir
para me reconstruir
é preciso demolir construções
que não são coerentes com a vida
sou protegida
quando estou em harmonia
com o meu coração
ele é essencialmente puro
essencialmente amoroso
um bordador
capaz de tecer as belezas
que tem as chaves
para as portas que dão acesso
aos jardins de Deus
e  vezenquando
na comunhão criativa

entro lá

e floresço no canteiro do mundo

dar corda

existem lembranças que são fontes perenes de amor

recordá-las é como caminhar

descalço na areia da praia

num começo de manhã de céu azul

a brisa do mar misturada aos raios do sol

aquele ventinho morno

que se derrama na pele com gentileza rara

recordá-las é um cafuné gostoso

e a vida reinventada

em situaçoes de socorro

podemos ir até lá

onde essas lembranças moram

escolhemos uma delas

nos banhamos

alimentamos o coração.

um jeito de renovar a energia

no momento presente

quando...

havia algo delicioso de se sentir

escorregava dentro de mim

e se esparramava no sorriso

escapulia no olhar

cantava no silêncio

fazia florescer pés de sol

no tempo encantado

em que estávamos juntos

dispensava nomes e entendimentos

havia algo que tinha um cheiro inconfundível de alegria

de vida abraçada

de chuva quando beija a aridez

de lua quando é cheia

e o céu diz estrelas

um cheiro da paz risonha

do encontro pleno

amor quando é amor

é amor